quinta-feira, dezembro 27

Vida de cigarra


Manhã, meu carro fede a cerveja

Manhã, meu sono me abate com força

Manhã, não troco de roupa ou de cheiro

Manhã, estou morto de certo e inteiro.

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Madruga, meus passos gingados flutuam

Madruga, cenário antiquado deslumbra

Madruga, mulheres malucas me fitam

Madruga, simpático, sexy e noturno

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Noite, meu ânimo corta a avenida

Noite, meus olhos se alegram à esquina

Noite, qual fosse de sexta pra sábado

Noite, sorrio numa quarta-feira

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Dia, e a cigarra não sabia

Dia, nem sequer desconfiava

Dia, que depois da cantoria

Dia, que a cigarra definhava

terça-feira, dezembro 25

Glória Maria: "Só saberão minha idade no dia em que eu morrer"



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É claro. Assim foi com Tutancâmon e Oetzi, o homem de 5.300 anos encontrado congelado na fronteira da Áustria com a Itália.
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Como se alguém tivesse "dúvida" sobre a carcaça mumificada de Glória Maria...
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Óiafontaquê

A Cidade de Rita da Viola

Nesse natal, meu bem, eu viajei!



E na placa de boas-vindas, dizia assim:
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Meu tempo é hoje. Não vivo no passado, mas o passado vive em mim. Já fui afinado, tudo tem seu tempo. Hoje, sobrevivo das parcerias que faço com pessoas mil, que temperam meu jeito de cantar e reformulam minhas canções de formas nunca imaginadas anteriormente. Entretanto, sobreviver de música há 40 anos é privilégio para pouquíssimos, e fazer música brasileira é um charme, sobretudo pra quem nem nome brasileiro tinha.


Imprensa!


É, pessoal, não teve jeito. Não se pode mais ter uma vida normal depois do sucesso. Tentei me esconder, mas o pessoal da Rolling Stones acabou me achando e, para não ficar feio, ainda fiz uma pose para a foto, que, disseram eles ser apenas para arquivo, e que a pequena entrevista iria ser usada num box. Pena ser só o que eu imaginava...
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Quer ser capa de revista também? People, Nat Geo, Vogue?? Então senta o dedo nessa porra!!
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Vi no Brogui

segunda-feira, dezembro 24

Por que você não deleta o seu Orkut?

Eu acabei com o meu, e na verdade foi porque não suportei a dor de tirar as fotos da ex e colocar "solteiro" no status. Mas a gente fecha uma porta e se abrem várias outras, e hoje vejo que o Orkut ferra com a vida das pessoas.
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Analisa aí todo o tempo que você usa na internet. Agora tira a fatia do Orkut.
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Viu?
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Tipo, com muita gente essa fórmula não deve dar certo, mas toda mídia é feita com esse objetivo. Dispersar o receptor para as outras coisas, muitas vezes melhores, para que possa receber todas as propagandas e "marqueterias" possíveis sem dar alteração.
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Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Pra ter Orkut, tem que saber usar.
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Esse término de namoro me destrambelhou de tal forma que precisei me transformar para continuar vivão. Meu lema agora é "Subir o nível". Pra mim, subir o nível significa melhorar a qualidade das atitudes, dos discursos, dos lugares e das pessoas. E o que eu leio ou deixo de ler é fundamental nesse processo.
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Orkut pra encontrar quem você não vê há um tempão, Orkut pra chegar naquela mulher interessante, Orkut pra fazer um puta marketing pessoal, Orkut pra saber mais coisas, Orkut pra compartilhar experiências, Orkut pra rir...Beleza, meu irmão! Qualidade!
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Orkut pra perder tempo em comunidades sem sentido, Orkut pra odiar isso, odiar aquilo, amar isso, amar aquilo, Orkut pra mandar mensagem em massa, Orkut pra futricar a vida dos outros, Orkut pra alimentar saudades de quem não volta, Orkut pra deixar de viver coisas mais interessantes...Aí não, tá perdendo tempo.
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Certas coisas a gente só vê depois que sai. E, bicho, deletar o Orkut me tornou um ser humano melhor...ts...
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Experimenta. É ruim, hein!

sábado, dezembro 22

Conclusões de um aleijado

Minha nada atlética aparência não veio por querer. Ao longo dos poucos 23 anos, pude tentar de vários jeitos ser um cara pelo menos jeitoso com as atividades físicas. Até os 18, fiz natação, treinei judô, karatê, capoeira, fui goleiro (muito bom, por sinal) e até foi cogitado meu ingresso num clube profissional de tênis de mesa. Não foi em vão, mesmo.
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Durante um tempo, também fiz aulas de basquete, mas eu gostava mesmo era das artes nas bolas do esporte. Tive várias, de várias marcas, em cores, desenhos e assinaturas diversas. Participei também, por pressão dos colegas, da escolinha de futebol do condomínio, onde meus pés até faziam um gingado diferente na hora dos passes. Mais tarde fui ver que isso era um mal crônico: samba.
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Na faculdade de Comunicação, aprendi que as duas linguagens universais do jovem são o esporte e a música, e que geralmente quem é muito de esporte, não é de música, e quem é muito de música, bem, é como eu. Claro que existem muitos caras e moças que convivem com as duas atividades numa nice completa, exemplos disso são Chico Buarque e seu Politheama e Gabriel o Pensador com seu surf e seu skate no Cantão.
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Entretanto, certa vez disse Tom Jobim, que todo bom músico é, no fundo, um aleijado..."fulano tinha paralisia, e por isso era ótimo pianista", e toma-lhe uísque nessa veia. Isso tudo é pra dizer que minha paixão pela música, poesia e literatura substituiu na marra qualquer esboço esportivo que eu pudesse fazer.
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Meu pai conta uma história onde ele estava a consertar o carango e me chamou pra viver aquele momento. Coisa de pai, sabe qual é, né? Então...Só que, quando ele se deu conta, eu já tinha enfileirado as chaves de boca, da menor para a maior e curtia com uma chave de fenda um xilofone improvisado. Foi assim que ele viu que eu tinha nascido aleijado mesmo.
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O esporte, por ironia, traduziu pra mim uma das maiores lições de vida pelas quais pude passar. No carro, vindo pra casa, estava lembrando do fundamento básico do judô: "Use a força do inimigo para seu benefício e, na queda, cair com tal técnica que amorteça melhor o impacto". Assim é a vida, são as adversidades. E um dia você aprende (baixou o Shakespeare...aquele texto, do ´um dia você aprende...um dia você entende...´ ts...) que é preciso usar a força das crises em seu próprio benefício, e numa eventual e normal queda, é preciso ter tal técnica que amorteça em maior quantidade o impacto.
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É nessa que a gente vê que nada que a gente passa ou vê ou nota é por acaso. Tudo serve pra alguma coisa em algum momento. E o esporte, que julguei não inútil, mas desnecessário, me deu um banho de água fria de vestiário, desses que a gente toma o choque térmico, mas agradece, porque o calor estava forte na moleira.
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Então fica aqui o meu "Valeu!" para o esporte e demais atividades físicas, que, pode crer, não exercitam apenas os músculos e não aprimoram apenas a estética.

quinta-feira, dezembro 20

Bispo encerra greve de fome contra transposição

O Bispo e a atriz: "ativistas"


Bispo e Governo na mesma posição. Cada um com seu discurso, mas quando o calo aperta...
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Participar ATIVAMENTE só é bom na sodomia...
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Nada pessoal, Bispo...

quarta-feira, dezembro 19

Fodido e mal pago

Pra rapaziada que não sabe, eu, Marcus Lotfi, estou me formando em Jornalismo no ano que vem, e só pra esquentar o climinha de formatura, compartilho aqui com meus companheiros de profissão o que saiu no Globo.com

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"Milhares de jovens brasileiros que enfrentam o vestibular têm escolhido carreiras sem se preocupar com as oportunidades de trabalho. Isso pode ser notado nas carreiras mais disputadas da Fuvest, que seleciona os estudantes para a Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Medicina e Ciências Médicas da Santa Casa e Academia da Polícia Militar do Barro Branco.

No topo da lista dos cursos mais disputados aparecem jornalismo, publicidade, relações internacionais, audiovisual e medicina. Apenas a medicina está na relação de ocupações que mais ofereceram postos de trabalho em nível superior em 2007: professor, enfermeiro, engenheiro civil, administrador e médico clínico.

A conseqüência é que, no Brasil, trabalhar em uma área diferente da escolhida na universidade está virando uma tendência. Em um levantamento feito pelo economista Roberto Macedo, 50% dos formados em direito, por exemplo, não trabalhavam como advogados"

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E aí? Empolgadíssimos?!

Letícia Sabatella chora durante julgamento sobre obras no São Francisco



Olha, eu nem sei em detalhes esse lance do São Francisco, mas porra:
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Pro frei que foi fazer greve de fome e foi parar na UTI:

- Sugiro que proteste de outro jeito. Há muito tempo que a fome não é novidade no Brasil.

Pra Letícia Sabatella, que chorou durante o julgamento:

- Um sonoro e legítimo "Não fode!!!"

Vai rasgar seda assim na casa do cacete...
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Veja aqui

domingo, dezembro 16

Negócio Fino desta semana...


Quem me conhece já deve estar de saco cheio de me ouvir falar destas pessoinhas, mas quando o negócio é bom, não me contento só com um viralzinho básico...eu perturbo até as pessoas me darem uma chance. E o Négócio Fino desta semana, que pode ser que eu não poste tão semanalmente assim, é a banda O Teatro Mágico , povo muito bom mesmo. Vale demais da conta ouvir esses moços. Em seus sorrisos e olhares fica nítida a pureza e a magnitude raramente alcançadas por mãos humanas normais.
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Para ouvi-los:
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www.palcomp3.com.br/oteatromagico
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Para saber deles:
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www.oteatromagico.com.br
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Para poupar o trabalho de copiar e colar o endereço no browser:
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Ouvir - Saber deles

terça-feira, dezembro 11

Laços Firmes Esquecidos

Pegando uma leve carona no curta vencedor, lembrei-me de que havia escrito um conto com uma idéia de laços entre as pessoas. Resolvi postar. Se você aprecia um texto feito com vontade, boa leitura!
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Laços Firmes de Lado

Entrou pela porta da frente sem preocupação alguma sobre seu estado. A gravata frouxa, arregaçada, o paletó que lhe vestia em apenas um dos ombros, havia todo um cenário, um enredo.

Entrou com a mão direita apoiando a testa suada, cujos mesmos dedos cerravam a brasa do cigarro que a cada passo diminuía e cuspia cinza por cinza. Seus olhos preocupados apontavam para o chão, e parecia que ele estava determinado a fazer alguma coisa. Ninguém sabia exatamente o que era.

Andou até seu escritório, que parecia esculpido num carvalho mais escuro, brilhoso, e da poltrona de couro separou cachimbo, fumo e fósforos em cima de sua escrivaninha. Levantou-se como se estivesse, naquele momento, completado o que havia de fazer de tão importante e se pusesse a par de outras atividades. Afrouxou o cinto, tirou paletó, gravata e desabotoou duas casas da camisa. Estava completamente suado e decidiu tomar um banho.

Depois de recomposto, preparou seu cachimbo com um fumo forte de maçã, passou a mão no pacote e nos fósforos e partiu em direção à varanda, que ficava no mesmo andar do escritório, na parte de cima. Sentou-se defronte a Avenida Central movimentada de mascates, assalariados voltando para suas casas. Numa fagulha pesada, o cortiço inteiro cheirou maçãs. Descansava seu corpo em tragadas volumosas que, pela sua expressão, traziam bons pensamentos.

Aos poucos, foi passando a mão pelo cesto que ficava ao lado direito da cadeira, ambos de vime, e viu que não havia revista nem jornais. Lentamente e até gentil, espantou o cesto com dois chegas-pra-lá. Continuava fumando firme e admirando a avenida, no momento em que viu um vulto claro cortar suas vistas seguido de um estampido surdo e seco. Levantou, se debruçando no pára-peito e viu que uma mulher havia, enfim, caído do prédio em frente. A montanha logo se fez em volta do hidrante que havia, praticamente, partido a moça em dois.

Não conhecia a mulher, mas foi o bastante para que as tragadas fossem ficando cada vez menos volumosas. Como se quisesse colocar mais daquele ar para dentro de si. O cachimbo lhe tirava a atenção, e não queria estar disperso. Seria isso? Bateu a boca do cachimbo no cesto vazio de vime e deixou-o ali do lado das outras miudezas. Dobrou as mangas da camisa e se ajeitou, de uma vez por todas, na varanda.

Tentava observar aquilo tudo de um outro modo. Enxergava na curiosidade uma falha, um aleijão. Afinal sabia por que aquilo fazia tanto sentido. Montoeiras de homens e mulheres a exalavam a cada fatalidade. Não poderia tratar-se, portanto, de uma virtude. Lembrava, naquela névoa de pensamentos que se embaraçavam por trás do olhar já desfocado para o hidrante de como foi difícil ver seu pai naquele estado. Morto no meio da rua a tiros. O rosto sujo de terra, um filete de sangue cortava do pescoço até o supercílio esquerdo, na direção em que seu olhar estava e todo o seu corpo também. Aquilo lhe angustiou. Acendeu o cachimbo outra vez. O centro voltou a cheirar maçãs.

A tarde terminou de cair. Entrou por um instante e voltou com uma garrafa de licor de canela. Após servir-se de um bom copo, sentou-se à varanda vendo os últimos movimentos. Não buscou informação alguma com seus cicerones. Seu único contato com a pobre moça era a visão talvez compartilhada de seu nefasto fim. Ah, sim, havia um forte laço com o assassinato de seu pai. Lembrou-se de como doía vê-lo ali, e num dado momento, derrubou licor, cesta e fumo pelo piso e se agarrou ao seu próprio corpo. Fechava os olhos, rígido e certo de que sabia o que estava sentindo. Sem o menor vínculo, diante da morte, ele a amou como pai.

segunda-feira, dezembro 10

Curta

Particularmente, eu não achei comovente o bastante para me fazer chorar. A grande sacada desse curta é igual à daquela lenda urbana, que os meninos pulam o muro de um cemitério e catam uma cruz com o nome ´João Alves - 1941 2007´ e depois bate à porta das crianças um tal de João Alves, que está atrás de algo que é dele...Mas o curta abaixo foi eleito o melhor dos que foram expostos no You Tube, no mundo. Os dois outros eram americanos. O curta merece, de qualquer forma, a menção.
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E tipo, quem sou eu pra criticar cinema? Fala sério...Vê aí, se emociona e me xinga.
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Ah, o nome do lance é ProjectDirect, eu acho.