quarta-feira, maio 27

Temporário

Na brasa, dissipo
Na cinza, despejo
No pigarro, ajeito
Noutro cigarro, renovo
Nas teclas, acomodo
Nos dedos, a dor
.
Na noite, disperso
Nas luzes, uma chance
No amor, uma constante
Na mente, uma certeza
Nos devaneios, não ligo
No peito, o amor
.
No poema, recobro
Na arte, me consolo
Na catarse, vomito
No tube, Edu Lobo
Nos violinos, ar novo
Nos olhos, estranho torpor

terça-feira, maio 19

Num papo sobre poesia...

É, cara...A sinceridade é a grande advogada da poesia. O estilo, no entanto, são as suas roupas. Você acreditaria num Perry Mason caso estivesse vestido como o Bira...

sábado, maio 16

Poeminha besta

Ah,
Passeei pelos espaços
Entre os restos dos meus laços
Caminhei com outras pernas
Entre esperas e cansaços
E a largura dos meus braços
Alcançava esses verões
Os invernos, primaveras, enfim
Todas as quatro estações
.
Ah
Fiz a vida em grandes passos
Nestes céus, fiz os meus traços
De cachaça em cachaça
Desviei das trapaças
Evitei colisões
.
E como eu saberia
Que o dia trazia um outono
E um algo mais
.
De um início difícil
De todo o sacrifício
Germinaram lições
.
Ah,
Este amargo suspiro
Me secou tanto a boca
Fez suor no meu rosto
E deixou em frangalhos
Dividiu em mil talhos
As articulações
.
Ah,
como dói prosseguir
E não sei de onde vem
Algo que me levanta
Logo após cair

quarta-feira, maio 13

Catarse besta

às vezes bate um vento que me muda de lugar
sopra na cabeça e espalha minhas idéias
feito um cinzeiro sujo depois dum espirro enganado
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quando esse vento bate, bate uma saudade
de um olhar que penso ter perdido
da facilidade que eu tinha em olhar a vida
.
falta daquele talhe que descobre a matéria viva e o carpete frágil das ilusões do dia a dia
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falta de andar denso, de sentir aguçado os grãos de areia nas solas dos tênis
.
falta de conviver com a poesia como se ela fosse um cachorro bravo, mas domesticado por mim
.
falta.
.
como se eu fosse um leigo, um vazio, um despreparado...
.
o que fazer, para tapar os furos deste pote?
.
o cerne da minha vida tem sido correr atrás deste maldito mote
.
enquanto não achar o xis, fica difícil qualquer bis
.
qualquer poema parece escrito a giz
.
qualquer rima parece já nascer morta
.
qualquer estrofe sai torta
.
qualquer gestação poética aborta
.
penso: até quando?
.
penso até quando?

sábado, maio 9

Sobre o dia das mães adiantado

Todo mundo vai escrever sobre o dia das mães. Como se amanhã o mundo inteiro não pensasse em outra coisa. O amor materno é muito maior do que esta alienação combinada todos os anos. Eu acho que estou sendo ranzinza...e devo estar sendo mesmo. Mas não se trata de uma revolta. É apenas um ponto de vista que eu sempre tive a respeito das datas comemorativas que se repetem todos os anos.
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Tirando os aniversários, que são únicos e devem ser diferentes a cada vez, as outras são sempre iguais. E é sempre uma atrás da outra. A gente não se cansa de comemorar. Minha namorada é professora de educação infantil...Mal terminamos a roupinha de coelho, veio a roupinha de índio, e terminamos nesta madrugada de fazer a roupa das mamães. Sem respiro, vem aí São João.
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Se a gente for parar pra pensar, não existe uma diferença entre dias de festa e dias normais. O brasileiro está sempre festejando alguma coisa marcada no calendário. Todo dia é dia. Parece que essas festas tem vida própria. Elas estão lá, marcadas, e você que se programe! É um bonde im-per-dí-vel.
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Amanhã, portanto, não esperem um post rosa falando das mães. Preciso respirar um pouco. As redações dos jornais mais importantes do país estão todas focadas nesta bendita data. O mundo está se acabando, mas o domingo é das mães e das torcidas.

Post miserável...

Tenho ouvido bastante o grande Almir Sater...Especialmente as músicas "Cubanita" e "Maneira Simples"
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Onde?
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www.palcomp3.com.br/almirsater
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É o milagre da internet!

quarta-feira, maio 6