quinta-feira, março 28

Crer para ver (Marcus Lotfi)

Acre-
dito
Mesmo o gosto sendo
acre
Mesmo nada sendo
dito
.
Espe-
rança
Mesmo grande sendo
a espera
Mesmo muita seja
a ânsia
.
Ima-
gino
Mesmo jeito que
um ímã
Penso e logo vou
agindo
.
Acredito.

quarta-feira, março 27

Sobre minha insônia (Marcus Lotfi)

Às oito, me levanto
E não há pranto
.
Aceito
Não tem jeito
A insônia
.
Conformo-me Agreste
Não sou Amazônia
.
Como a quem falta um braço
Não reclamo, me adapto
Rumino em solidão
.
Vivo em frames
Pisco os olhos
Bato cartão
.
Vida torta
Inserida na cota
Da amputação

segunda-feira, março 25

Estresse na fila (Marcus Lotfi)

Não aperte não, Vida,
Vá com calma
Não achei no lixo a minha alma
.
Respeito seu jeito, seu pleito, seu ritmo
Mas não me venha de ímpeto
.
Sou criatura, não sou produto
Me deixa aqui, porque eu tô puto
Nessa contenda, eu não luto
.
Te compreendo, Vida
Sei que é amarga tua lida
Tão pouco encontro
Tanta despedida
.
Mas, como dizes, Vida
Tu mesmo o dizes
Teu jargão - faça o favor
Repita
.
Mimada, Vida
Quer p´ra ontem e pede paciência
Sem piedade, pede clemência
Que incoerência, Vida
.
Já sei de tudo, Vida
Porque me criou
Sou tua saída
Sou teu humor
.
Vou dar um jeito, Vida
Eu sei que vou
A cada contrapartida
Ou desamor
.
Cada azedume, Vida
Cada torpor
Cada ferida, Vida
Cada sabor
.
Você já sabe, Vida
Porque perguntou
Mais uma investida, Vida
Que fracassou