segunda-feira, junho 21

Palavra de Torcedor

Numa boa, não sou especialista em futebol. Nem de longe. Só torço em copas do mundo. E todo mundo viu o jogo contra a Costa do Marfim.
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Roubado. Graças a Deus, nem roubando, conseguiram.
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Quase quebraram a perna do Elano, Kaká foi expulso sem justificativa. O árbitro foi chamado de fraco pelos comentaristas.
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Aí me vem a Globo, dizendo que Dunga balbuciou palavrões para o jornalista Alex Escobar, da emissora e pode ser punido por ter xingado o árbitro do jogo de Ladrão (isso mesmo, com L maiúsculo).
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Vá lá que o mundo moderno tem suas burocracias, mas recriminar o técnico da seleção brasileira por ter agido humanamente? O Antônio Tabet, do Kibeloco e redator do Caldeirão do Huck postou no Kibe fazendo críticas.
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Sem hipocrisia, por favor.
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Bem, como a Fifa não aceita provas eletrônicas, o juiz Ladrão vai sair impune. Mas Dunga, técnico, humano, puto da vida com esta sacanagem, pode ser severamente castigado por ter feito o que fez.
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Como sempre, a imprensa falou o que quis e não ouviu os dois lados da celeuma. Não sei da história direito, mas sou jornalista e sei que as ironias e balançadinhas negativas de cabeça acontecem. E é isso aí: O juiz rouba, o jornalista ironiza (mesmo que não tenha sido Escobar, mas de um modo geral, fazem sim), a imprensa não apura direito, e quem paga o pato é o técnico, que esbravejou feroz uma verdade que, por falsos pudores, não podia ser dita.
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Vejam.

quinta-feira, junho 17

Vasculhando o e-mail, eis que...

Por mim, seriam todas mulheres (Marcus Lotfi)

Por mim, seriam todas mulheres.
Presidentas, pedreiras, leiteiras, jornalistas e jornaleiras.
Por mim, só remeteria a elas.
Minha vida, minhas asneiras, meus tropeços, minhas maneiras.
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Por mim, seriam todas mulheres.
Dominando o mundo, analisando ao fundo, amando muito.
Por mim, só choraria com elas
Minhas perdas, meus pesadelos, minhas derrotas, meus anseios.
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Por mim, seriam todas mulheres.
No governo, na cozinha, nos palcos, nos teatros.
Por mim, elas seriam as provedoras.
Eternamente responsáveis pela felicidade humana.
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Por mim, assim seria perfeito.
Afinal, se Deus teve a idéia de criar o homem
Fez da mulher divina encarregada de por essa idéia em prática
A mulher executa a ordem que faz do mundo, de fato, o mundo.
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Por mim, repito, seriam todas mulheres.
Por que, por mais que no governo possam ser corruptas
Na rua, sejam putas
Na vida, são lutas.
E a cada tragédia que os homens choram
Elas seguem: lindas, maravilhosas, e enxutas.

quarta-feira, junho 16

Mês de Maio

Casei no dia 14 de maio. E esta música, do Almir Sater, que se chama Mês de Maio, diz exatamente como eu me senti naquele momento tão especial, em que eu estava decidindo viver ao lado da mulher que eu amo, para sempre.
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Mês de Maio (Almir Sater)
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Azul do céu brilhou
E o mês de maio, enfim chegou
Olhos vão se abrir, pra tanta cor
É mês de maio, a vida tem seu esplendor
A luz do sol entrou
Pela janela e convidou
Pra tarde tão bela, e sem calor
É mês de maio, saio e vou ver o sol se pôr
Horizonte, de aquarela, que ninguém jamais pintou
E um enxame, de estrelas, diz que o dia terminou

Noite nem se firmou
E a lua cheia, já clareou
Sombras podem vir, façam favor
É mês de maio, é tempo de ser sonhador

Quem não se enamorou
No mês de maio, bem que tentou
E quem não tiver, ainda amor
Dos solitários, o mês de maio é o protetor

Boa terra, velha esfera, que nos leva aonde for
Pro futuro, quem nos dera, que te dessem mais valor
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Ouça esta pérola clicando aqui . Sempre que acesso o perfil do Almir Sater no Palcomp3, fico ouvindo esta música muitas e muitas vezes. O clima, a melodia, a harmonia, o estilo e a letra...Tudo isso reflete exatamente meus sentimentos...
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Te amo muito, Tati...

sexta-feira, junho 11

Todo gordinho agora quer tocar Godin

Descobri hoje que o violonista do Pixote, aquele grupo cujo vocalista tem problemas sérios com sua natureza capilar e faz da chapinha uma verdadeira arma, também usa Godin. O Godin é uma das últimas palavras em violão no mundo. Um captador por corda, tudo Fishman, entrada midi e um som inconfundível.
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Desestimula, viu...
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Esse violão é usado por gente que toca coisas de valor no mundo musical. Dudu Falcão, por exemplo, um dos melhores compositores que já ouvi, usa Godin. Ana Carolina, que tem composições muito bacanas também, usa Godin. Seu Jorge, ótimo músico, também usa Godin e eu, feliz da vida, também uso Godin.
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Agora, o cara do Pixote é sacanagem!
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Lembrei de um lance que eu li em algum livro que o Canecão passou a selecionar os artistas - entre os famosos, mesmo - que se apresentavam por lá. De acordo com o livro, eles queriam elitizar a casa. Isso bem que podia acontecer com os violões Godin...
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Sacanagens à parte, é meio que como usar uma ferrari para transportar material de construção.
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Fora isso, procuro incessantemente pelas notícias sobre concursos públicos abertos na área de Comunicação. Nem o deus Google me deu algum site que falasse sobre isso. Se alguém souber, por favor, comente.
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Um abraço!

quinta-feira, junho 10

A primeira vez da razão

Prometi a mim mesmo que iria dormir cedo hoje. E, mais uma vez, caí na minha própria lábia. Preciso acordar às 10 da manhã, já são vinte para as cinco e estou aqui blogando. Preciso estudar para um concurso público. Viver de música é um tanto complicado.
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Não tenho muita noção do quanto ganho. Quando chove, não trabalho. Para se divertir, basta um bar, mas para viver disso, é preciso uns três bares e uns dois restaurantes. Existem épocas boas, onde o couro da gente come. Durante um tempo, trabalhei em dois bares aos sábados. Um, na Barra da Tijuca, de uma às cinco, outro, em Vila Valqueire, das nove à uma da manhã. Só nesse dia, eu tirava cerca de 300 pratas, o que rende num mês, se tudo der certo, 1.200.
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Aí eu penso: Caraca, quem é que ganha 1.200 pratas para trabalhar uma vez na semana? Sem contar os outros bares que compõem minha agenda nos outros dias. É uma sensação gostosa de que você está se divertindo e o dinheiro está entrando.
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O porém é que, neste mês, tem sempre um dia em que chove, ou o movimento está fraco, ou tem jogo da seleção, ou é decisão da Libertadores, Copa do Brasil, sei lá, ou acontece algum problema que me impossibilitava de ir trabalhar. Recentemente, perdi um amigo que era como um irmão, e a missa de sétimo dia dele foi num sábado, começando à tarde e terminando à noite. Não fui trabalhar, óbvio. Afinal, como eu poderia cantar e rir, se eu só podia lamentar e chorar?
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Aí o que eram 1.200 viram 600, o que era 2.800, viram 1.400 e todas as contas que você fez com fé de que iria arrebentar uma grana chegam, com a mesma fé, na caixinha do correio. Aí você entra em crise, acha que está vivendo uma mentira que seu dinheiro, na real, não pode pagar.
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Aí na semana seguinte, o dono de uma loja em Ipanema faz um coquetel e te contrata por uma bagatela para cantar em plena General Osório. No dia seguinte, o dirigente de um clube de futebol te contrata por outra bagatela para cantar na festa de aniversário da esposa dele, e no dia seguinte, aquele cara que você sempre coloca no seu lugar quando pega algum evento free-lance desses te liga arriado de febre pedindo para você cobrir um show num outro bar.
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Você se acaba de cantar, arregaça no spray de própolis, fatura uns 1000 reais numa semana e ri novamente. Aí você entra em êxtase, acha que está vivendo uma verdade que seu dinheiro, na real, pode pagar.
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Essa sensação dura até surgirem gastos imprevistos, como o veterinário do Labradorzinho, o roteador para o computador do enteado e a troca de óleo do carro. Aí você já não entra em crise, mas depara com o destino dizendo: "te avisei".
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E não é só você que anda igual viciado nesta montanha russa. Sua esposa, seus filhos e seus pais também. E eles, que não têm nada a ver com isso, nem sentem o prazer da profissão escolhida, sofrem muito mais. Pelo sofrimento deles, você sofre em dobro.
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Acho que não preciso esperar que a montanha russa suba e desça de novo. Algo fixo parece ser muito bom e pela primeira vez se revela mais importante do que, simplesmente, viver daquilo que gosto. Aí você olha para a multidão contagiada e cega, muitas vezes, por esse vírus chamado concursos públicos.
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Então eu penso: É isso? Foi para isso então que eu vim para cá? Rodei trocentos bairros cantando para, no final, ver que meu futuro é numa carteira de cursinho na Presidente Wilson? Sei lá, o que sei é que eu acho que preciso disso para poder viver em paz. Fico pensando: Do que eu tenho tanto medo, se é só sentar o rabo, estudar e passar? De me tornar um infeliz, talvez. Mas a infelicidade já bate a minha porta de vez em quando mesmo fazendo o que gosto. Estaria eu apenas trocando de infortúnio?
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Fico pensando numa vida tranquila. Um salário fixo, as contas pagas em dia, um fim de semana livre para sair, ou viajar, férias para tirar, tempo para blogar, compor. E também penso numa vida desastrosa, com um blog feito por um cara já sem mão para a boa escrita, músicas que já não têm mais o auxílio do crescimento exponencial no manejo do violão, e uma cara que já não é mais vista pelo público, pelos outros músicos e que é desconhecida de qualquer sucesso em potencial.
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O que fazer?
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Enfim, preciso fazer alguma coisa. O mais sensato é concursar, não é mesmo? E depois, prefiro a luta de continuar a fazer o que gosto através de projetos, talvez cursos e outras iniciativas à luta diária entre sobreviver ou não. O fato é que eu nunca analisei as coisas com a razão e esta primeira vez meio que me assustou. Bem, vou continuar pensando na vida tranquila...

quarta-feira, junho 9

Amanda Cavalcanti - Fotógrafa

Fotografando, ela faz uma pessoa comum em meio a objetos irrelevantes num lugar qualquer ser uma pessoa muito importante em meio a objetos finos num lugar paradisíaco. É mais ou menos isso que a fotografia de Amanda Cavalcanti faz com tudo. Através da objetiva dela, tudo ganha um brilho, um plus. Qualquer coisa que ela clica, passa sempre a não ser uma coisa qualquer.
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Conheci amanda em 2001, no ensino médio. Eu nunca imaginei que ela fosse enveredar nessa seara. Mesmo sendo um bom amigo, não acertaria esse chute.
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O tempo passou, Amanda engravidou do Dedé, trabalhou com uma pá de coisas e, de repente, ela virou fotógrafa. No começo, o que era só distração virou profissão, e Amandita se revelou talentosíssima.
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Hoje, Amanda vive disso e vive feliz. Para acompanhar o trabalho dela ou contratá-la, basta acessar o seu blog , onde ela posta várias fotos como estas e disponibiliza seus contatos.
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Por mim, colocaria muito mais, mas esse servicinho de upload da Blogger ainda está parado no tempo...Enfim, ficadica!
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Valeu pelo belo trabalho e dê um beijão no Dedé!

Blogando na essência em exatos dez minutos

São exatamente seis e treze da manhã. Trabalhei até meia-noite de ontem, cheguei em casa meio puto e tratei mal minha mulher. Relaxei na medida exata da consciência do erro e fui pedir desculpas de joelhos. Enchi o saco até ela me perdoar. Estava sem saco de engrenar algum lance para a janta e fui a pé até um trailer que ocupa a calçada do Itaú. A apoderação, apoderamento, sei lá, é tão grande que, na rampinha de acesso aos deficientes são colocadas mesas e cadeiras. É quase uma fanfarronice do dono do podrão, eu acho.
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Comi um X-Tudo e bebi uma coca lata. Voltei com medo de ser assaltado e resolvi - com 25 anos de puro sedentarismo - dar um pique e cheguei em casa esbaforido. Fiquei vendo Animal Planet até sei lá que horas e vim para a internet umas duas e meia. Está um frio da porra e estou com um cobertor nas pernas, tipo moribundo.
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Isso é blog na essência. Quando os fatos já existem, escrever é um lance que flui. Com os clientes, é mole ser empresário. Estava com muita vontade de continuar blogando, porque infelizmente eu estudei jornalismo por quase 5 anos e descobri que eu ganharia mais cantando Andanças no bar da esquina ao coro da multidão bêbada. E sem deadline. Enfim, o blog é uma forma de continuar escrevendo.
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Já está claro, eu estou virado, e daqui a pouco o nosso grilo (meu enteado) precisa acordar para ir à escola. Vou correndo agora catar o despertador do meu quarto e voltar para o escritório - poupando minha mulher de acordar às seis e vinte e três da manhã - agora - desnecessariamente.
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Fui.

terça-feira, junho 1

Vontade da poesia

Caminho por ilusões de mim mesmo
Voo pelos quadros de minha vida
Vou bestial pelas incertezas
Bebidas, tropeções, ilusões, partidas
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Mar do intelecto
Universo desconexo
Viagem sem rumo
Humano sem definição
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Vim de longe
Vou mais longe
Tão longe
Que nem sei mais de onde vim
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Não é um passeio
Todo doente fica quieto
Mas não é por tranquilidade
Não estou mais longe e nem perto
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Não é não saber onde
Não é não saber quando
Mas saber como
Saber onde
e saber quando.