sexta-feira, fevereiro 22

Site [L]!

Há anos que não me engajo em correntes ideológicas. Na minha opinião, tudo aquilo que encontra coerência em algo que destoa do meio-termo é equivocado, burro. Posicionar-se de um lado da questão só serve para alimentar a polêmica, que além de não resolver nada, só faz aumentar a tiragem dos jornais (opa!) e o nível de abstração dos cariocas aos problemas do Rio de Janeiro.
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O problema não é o grau de pertinência das questões. Discutir a violência, a corrupção, a prostituição infantil, o desemprego e mais outros trocentos temas, é muito válido, desde que isso seja feito com inteligência e de pés no chão. De todos os problemas sociais de nossa cidade, o que mais me incomoda é a violência. Em agosto de 2006, ao sair da casa de uma amiga, tive meu carro levado por três homens armados, que ainda rodaram comigo por uns 40 minutos, com direito a coronhadas e altas doses de terror psicológico. Tudo porque eu fui "ali". A partir de então, eu sabia que precisava estudar bem de perto uma solução efetiva para mim, porque, como diz meu pai, a melhor maneira de salvarmos o mundo, é cada um resolver seus próprios problemas.

Se cada um fizer por si, todos fazemos por todos. Faça por você, só isso.

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Dei uma olhada hoje no site Rio de Paz (http://www.riodepaz.org.br/), descobri que são realizados, junto com as prezepadas das cruzes e tudo o mais, debates com especialistas no assunto - coisa que pode nos enriquecer bastante. Eles começam sempre às 19 horas na praia de Copacabana. Eu trabalho em Botafogo e saio às 18 e quem puder também, acho uma boa. Vou tentar ir nas que rolarem semana que vem. Para os que não podem ir ou não têm saco, também existem as sugestões do site, entre outras coisas.

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P.S.: com a cidade em guerra, me chega uma multa que tomei lá na praia do flamengo. O pardal era de 60 km/h, eu estava a 78 km/h e eram 3 horas da manhã. Tipo, como disse meu amigo Fernando ao saber disso: "é menos perigoso andar pelado de quatro".

Pedra 9090, ninguém aguenta

Estava conversando com minha namorada agora há pouco sobre a minha mais nova conduta com relação aos ligadores a cobrar. Para os que não convivem comigo, é muito simples: eles ligam, eu não atendo. A consciência de solidariedade com os desprovidos de cartões telefônicos vai toda embora quando coisas do tipo, você ganhar 500 reais por mês e chegar a conta do celular a 200, acontecem na sua vida. Rapidamente você muda o sentido das coisas.
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Ligar a cobrar concerne em si todo um sentido canalha. Quando me ligam a cobrar, olho o número e vejo quem é. Se o sujeito trabalha, fico puto porque ele bebeu o dinheiro em vez de pagar o celular e está fazendo com que eu sustente o vício dele. Se o sujeito não trabalha, fico puto porque ele é um vagabundo e continua mantendo o celular dele às custas dos outros - e provavelmente quando ele sair pra aquela balada que marcou horas antes pelo celular, vai fazer cara de paisagem quando o garçom vier e não vai dar um tostão para a conta.
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O que eu fico mais puto é quando os caras ligam a cobrar e depois desligam, sem saber - acredito - que a ligação será completada depois da música. Ou seja, além de pagar a porra da ligação, eu ainda tenho que ter o trabalho de retornar.
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Mas o mais canalha de todos os jeitos (preás* adoram fazer isso) é dar aquele famoso "toque", e quando você atende, o celular diz que você tem 1(uma) ligação perdida. Tudo bem que agora já está banalizado, mas isso começou a ser feito no afã de ludibriar o destinatário, que achava que tinham tentado, mas não tinham conseguido por conta do sinal fraco ou bateria pela hora da morte.

QUANDO DESCOBREM QUE O BABACA ATENDE, AÍ É QUE ELES LIGAM MESMO!



Mas não vim reclamar não. O erro foi meu, que atendi as ligações com musiquinha. Então, preparei uma série de iniciativas para os que desejam desesperadamente se comunicar mas, por conta da corrupção, da morte do garoto João Hélio, da professora que morreu congelada no Alaska semana retrasada, não têm dinheiro para pôr um creditozinho no celuleba. Ei, você que gosta de discar 9090, porque você não...
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- Manda um sms? Custa bem menos e, se você deseja urgência, é só pedir essa urgência na mensagem. Não sei se é só na Claro, mas mandando pelo site, o sms sai gratuito.
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- Procura saber das promoções de celulares? Minha namorada tem um Oi e quando queremos ligar para nossos amigos, procuramos um deles que também tem Oi. Aí a gente se fala numa boa, porque é de grátis. De Claro para Claro também é bem baratinho ou gratuito.
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- Procura o ID dos seus amigos que têm rádio? Ninguém vai te negar um rádio para passar outro rádio - é livre. Um amigo meu trabalha numa empresa que disponibiliza um rádio para ele. Anotei o ID e pego o rádio do meu pai toda vez que quero falar com ele.
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- Compra um pré-pago da Oi e coloca 20 reais por mês para ter direito ao bônus? Assim você fala e não paga quase nada.
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- Combina com seus amigos mais chegados de comprarem aparelhos de operadoras iguais? Assim você pode até fazer um plano diferente, corporativo. Não sei se ainda existe o Oi família, em que todos tinham seus aparelhos e, ligando para os cadastrados, era bem mais barato.
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- Liga do telefone da empresa em que você trabalha?
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Enfim, existem milhares de formas dignas de se comunicar com os outros. E mesmo que aconteça algo catastrófico, como a Hebe pelada na Presidente Vargas, eu não vou atender. Sabe por que? Porque quem tem boca vai à Roma, meu amigo.


quarta-feira, fevereiro 20

Cine [L]!

Eu já tinha desistido de atualizar o blog de novo, mas lembrei de dar uma espiada num curta feito pelo meu grandissíssimo amigo Beny Cazim, cineasta de grande garra e talento (pra quem leu o post anterior, a perseverança vem primeiro sempre!), com o auxílio da maravilhosa morena percussionista filha-de-santo, gêmea da Carol, rebento da dinastia da velha-guarda da Portela, tia de alguma creche em Botafogo e, agora, atriz, Ana Beatriz, Bia.
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É uma montagem em cima de um texto do Luís Fernando Veríssimo, dito pelo próprio Beny. Achei muito legal e revi umas duas vezes. Maravilhoso.
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Perseverança

O talento e a perseverança são como Roberto e Erasmo: o primeiro é bonitão, idolatrado e leva todo o crédito, mas quem bota pra andar mesmo é o segundo. Desde que comecei a estagiar, convivo na presença dos elogios. É um "seu texto é muito bom" pra cá, um "mas que apuração você tem" pra lá , um "você é brilhante" aqui, um "eu confio em você" acolá...E foi numa dessas que eu caí hoje.
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Erro meu, já pra começar. Acho legal comentar o que eu aprendo de verdade pela vida com vocês. Bom, voltando, erro meu. O fato é que fui bastante elogiado nesse primeiro mês de empresa, e é lógico que estou dando um gás foderástico. Caí no canto da sereia quando fui cotado para gerenciar uma conta sozinho.
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Ainda no meio dos elogios, explodi de felicidade, achando que já tinha saído vitorioso do desafio que é ser assessor de imprensa. Não, não foi assim - graças a Deus.
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Hoje compareci a uma reunião com o sócio-diretor dessa empresa que, a princípio, seria atendida por mim em 90 % quase. Fiquei nervoso, tremi. Sabia que não dominava aquilo e que precisava de muita vontade para chegar no nível da minha antecessora. Até aí, estava tudo sob controle. Ter consciência das falhas antes de falhar, pra mim é um sinal de exímia competência.
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Entretanto, na volta, minha gerente disse que eu havia ficado nervoso, que pensou em dizer "caaaalmaaaa..." (coisa de mulher) e que eu ainda não havia pegado o esquema. Adeus "garoto-talentoso-que-com-um-mês-de-empresa-ganha-um-cliente". Eu me senti menosprezado.
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Erro meu.
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Voltei pelas ruas de Botafogo digerindo essa idéia e brigando com meu ego. Ciente de que ela estava obviamente certa no que dizia, eu ia doutrinando essa parte podre da minha essência no afã de tomar uma postura profissional e superior ao erro.
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Foi a minha primeira reunião, e aprendi muito com o que não foi dito.
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Na hora do "vâmo vê", o talento é um gosto ralo. O que conta mesmo é a experiência e familiaridade com o assunto - essas coisas que só vêm com o tempo.
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Quando essa conclusão bateu minha cuca, abri um sorriso de satisfação. Havia enfim processado toda aquela idéia.
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Eu estava aprendendo a perseverar. E os meus elogios, textos e gueri-gueris nada passavam de cubos de gelo nas mãos de um carpinteiro. Obrigado à chefe, à minha gerente e à situação, que, mesmo sem saber de nada, me deram uma senhora aula hoje.
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quarta-feira, fevereiro 13

Não deixe que eu decida (Marcus Lotfi)

Não deixe que eu decida
sua vida
sua entrada
sua saída
seu ponto
de partida
da chegada
e despedida
Não deixe que eu decida
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Não deixe que eu decida
A hora da ida
Assim lhe deixo perdida
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Não deixe que eu decida, meu amor, a sua vida.
Assim minha rotina fica entupida.
Você some de mim, cara querida.
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Não deixe que eu decida, meu amor.
Não deixe que eu decida.
A frase é a mais pedida.
Norteia a lida.
Clareia a investida.
E o amor deixa de ser
Uma jogada suicida.

terça-feira, fevereiro 12

No meio do caminho, não tinham pedras.

Não sei se foi assim pra vocês, mas o poeta que eu mais li na vida foi Drummond. Os outros também são maravilhosos, mas, sei lá por que, emburaquei no velhinho-magrinho-careca-quatro-olhos e, de todos os seus poemas eu só não li os que não foram divulgados, mas inda hei de ir a Itabira catar isso!
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E foi em Itabira que quis chegar nessa conversa de hoje. Quem lê Drummond sabe que ele falava muito nessa cidadezinha do interior de Minas Gerais em seus versos, tanto que, na antologia poética que tenho, há um capítulo chamado Itabira. Enfim, estava, ou melhor, estou cá defronte ao pc do trabalho (Approach, assessoria de imprensa...) redigindo pelo e-mail da empresa o post que publicarei mais tarde, face a empolgação que me toma firme agora em virtude de uma conversa que pude ter com o assessor de comunicação do prefeito de Itabira, Fernando Silva, para saber quais eram os contatos dos seus veículos mais lidos, para tentar emplacar um cliente nosso.
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Eu não o conhecia, nunca o tinha visto, e minha micro-relação com ele era apenas profissional. Mesmo assim, não podia deixar de demonstrar minha paixão por Carlos Drummond de Andrade e em dada hora da conversa:
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“...e como anda esta bendita terra de Drummond?”
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Não demorou e ele me apresentou os contatos de Luis Andrade Muller, sobrinho do meu poeta predileto, que é editor do único jornal diário da região – o Diário de Itabira. Quando isso aconteceu, não resisti mais uma vez e tive de prometer uma visita e de declarar escancaradamente meu amor pela obra de Drummond. O papo terminou como se fôssemos amigos de longa data, com aquelas promessas furadas, do tipo “Apareça por aqui, sim, e me procure para lhe mostrar mais de Drummond” , “Com certeza eu vou aparecer!! Juro que arrumo um tempo esse ano!!”, essas coisas.
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Estou até agora bobo, por ter chegado tão perto do legado vivo, de onde a obra de Drummond é mais vívida, do lugar que várias vezes foi tema dos poemas que moldaram a maior parte do meu senso lúdico, de Itabira.
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É por isso que amo ser jornalista. Porque essa profissão retira as pedras no meu caminho.

segunda-feira, fevereiro 11

Amigos, amigos, parceiros a parte.

Parcerias são sempre complicadas. Muitas delas foram feitas no DVD Cidade do Samba, mas dá pra ver claramente que muitas delas só existiram , musicalmente, para ver no que ia dar. Dá pra juntar Chorão e Dudu Nobre ali, mas não num disco onde eles gravam juntos umas 14 faixas, ambos cantando juntos e, nossa, alternando os estilos em que atuam.
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É difícil ver parceria que dê tão certo, pra mim, quanto a de Fagner e Zeca Baleiro. Aí vai uma das músicas mais lindas compostas pelos dois e que havia tempo que eu não ouvia. Aos meus caríssimos leitores, vai Azulejo - Fagner, Zeca Baleiro.
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sexta-feira, fevereiro 8

Em determinados diálogos no MSN, tenho vontade de...




Qual tecla você gostaria de ter no seu teclado? Clica!!

Não, não foi sorte.

Bom, sei que a maioria esmagadora das pessoas que lêem este blog são meus amigos pessoais ou adicionados no msn ou gtalk, ou mesmo jornalistas que trocam e-mails e ligações no dia-a-dia do meu trabalho com assessoria de imprensa.
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E sei que dessa galera aí tem muitos músicos profissionais, como eu, que acabaram por deixar este sonho de lado para ter uma profissão que, apesar de também amarmos, é convencional e mais certinha.
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Futricando meu youtube em busca de relíquias, outra coisa que vocês também devem gostar de fazer, achei esta, que é a prova viva de que é possível chegar lá. Esse vídeo mostra os arquitetos da música brasileira quando eram meros calouros. A parte engraçada é que os repórteres mal sabiam seus nomes.
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P.S.: Quem sacanearia hoje o cabelo do Caetano Veloso ou duvidaria da segurança de Roberto Carlos no palco?
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Essa vai especialmente para a NOD. Som inteligente e de boa proposta melódica. Imortalidade a vocês, meus amigos!!

segunda-feira, fevereiro 4

Naquele tempo...

Tenho saudades do tempo em que eu acreditava no amor. Daquele tempo em que eu achava que iria encontrar uma princesa, amar muito, casar e envelhecer ao lado dela. Saudades do tempo em que eu achava que isso era verdade.
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Tenho saudades do tempo em que eu não conhecia a hipocrisia. Tenho saudades de todos os dias que antecederam aquele primeiro dia em que eu vi uma pick-up, um cordão de ouro e pares de bíceps conquistando as melhores mulheres da noite. Saudades do tempo em que eu não supunha esse tipo de coisa.
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Tenho saudades daquela vida mais poética, mais tesuda. Minha cabeça trabalhava melhor, com mais combustível, com mais paixão, com mais frenesi. Saudades daquele tempo em que eu desejava me matar pelo amor de uma mulher. Saudades do tempo em que olhar nos olhos ainda era mais do que um simples procedimento.
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Saudades do tempo em que eu perdia noites nessa ladainha...compondo músicas, escrevendo textos, apaixonado por quem quer que fosse.
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As mulheres até hoje dizem que eu sou um homem diferente, especial. Mas eu tenho saudades mesmo é do tempo em que eu acreditava que isso era mais do que uma porra de uma massagem no ego. Eu tenho saudades é da época em que eu achava que elas colocavam o coração nessas palavras. Saudades do tempo em que eu achava que sinceridade era via de mão dupla.
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Saudades do tempo em que eu achava que mulher gostava de gente boa. Saudades do tempo em que eu achava que gente cretina não tinha vez. Só tem.
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Saudades do tempo em que eu não sabia a verdade. Saudades do tempo em que as desgraças não tinham ainda sido desabrochadas pelos olhares curiosos da juventude. Saudades daquele tempo em que eu olhava para um texto meu e me sentia um Nelson Rodrigues, e não um Nelson Rubens. Saudades do tempo em que eu achava que a vida e a arte caminhavam juntas...em Hollywood.
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Naquele tempo eu era mais feliz. Alienado, mas feliz.

Chato é...

Chata é essa obrigação de ser brilhante o tempo todo.
Chato é ter que rir pra não ser indelicado.
Chato é ter quatro olhos: dois pra fora e dois pra dentro.
Chato é dizer mentiras verdadeiras ao mundo.
Chato é dizer verdades mentirosas a si mesmo.
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Chata é essa cobrança de ficar sempre bem com todos.
Chato é lidar com a hipocrisia e a falta de vergonha na cara.
Chato é ficar tão preocupado com essas coisas.
Chato é não poder viver poesia.
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Chato é ver que as coisas mais valiosas vivem vagabundas pelos cantos.
Chato é ver que o que impera é aquilo que não temos.
Chato é ver que a sociedade ainda tem muito o que aprender.
Chato é ver isso tudo e ainda ter que se preocupar em não ser prepotente.
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Chato é sentir essa cobrança em cada passo.
Chato é estar certo e ser forçado a pedir desculpas.
Chato é sofrer com o mundo achando que é fingimento.
Chato é ver que a falta sobra e quando farta a gente sobra.
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Chato é constatar a incompetência social que nos entranha.