segunda-feira, setembro 27

Para o fracasso não subir à cabeça

O dom pode vir de Deus, mas o sucesso vem de nós. Ser bem sucedido é algo que depende, claro, deste presente divino que foi dado a cada um, mas para que este objetivo seja alcançado, é necessário fazer a engrenagem andar, transformando o seu talento em dinheiro.
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Certa vez, quando eu dei baixa na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, um amigo meu me disse o seguinte: "Quando dá certo, todos dizem que você fez certo, mas quando dá errado, todos dizem que você fez errado". E, dar certo ou dar errado, nesse caso, é ganhar ou não ganhar dinheiro.
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Você pode fazer o que você ama, mas se você for duro, vão dizer que você não fez sucesso. Já, se você faz algo que odeia, mas ganha bem, ai sim, você deu certo na vida. Que ironia, né? Preciso fracassar na vida para ter sucesso com a sociedade?
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Essa música da Pitty, que eu nem gosto tanto, é bem bacana e resume tudo. Se você não conseguiu transformar o seu talento em grana, provavelmente o fracasso vai lhe subir à cabeça. Oh, venerável mestre, como resolver isso? Não é ridículo, mas é bem fácil. Você precisa procurar uma área que movimente grana e possa proporcionar o sucesso de outras formas, como em trabalhos/cargos mais importantes, perspectiva de crescimento, sei lá. Feito isso, você precisa encaixar o seu talento dentro dela.
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O dono de uma empresa de pintura ganha bem, mas o dono de uma empresa de pintura de navios ganha muito melhor. Um cozinheiro de uma pensão ganha uma quantia bem menor que o cozinheiro de um hotel. Para quem tem talento, chegar lá é uma questão de tempo e conhecimento.
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Deixe o seu espírito empreendedor te levar! Você pode nem se dar conta de onde vai parar!

segunda-feira, setembro 20

Poesia i/e Lógica

Se não há uma idéia a acrescentar
Então não há o que falar
Se não há um detalhe a ser exposto
Então não há nenhum gosto
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Se não há um mistério a desvendar
Então não há por que procurar
Se não há um motivo latente
Então não existe uma notícia quente
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Se não há um gancho no contexto
Então não há um texto
Se não há uma fatia
Então não há o que por na pia
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Se não há um lance
Não há como escrever um romance
Se não há um motivo
Não sei como vivem, vivo
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Se não há o que dizer
Então não há o que fazer
Se não há detalhe que mereça
Não há por que quebrar a cabeça
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Se o olhar não te desperta
Então não há palavra certa
Se mesmo o vocabulário for fiel
Não há o que pôr no papel
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Se a poesia lhe falta
Não há diploma que dê auta
Se o poema for doente
Não há ninguém que aguente
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Se a questão é inspiração
Não se fala em educação
Se a arte come a vida
Nesse caso não há comida
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Se o olhar não existe
A poesia não resiste
Se o insight não rola
O texto não desenrola
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Se a composição não se sente
O artista não fala, mente
Se a epifânia não tem um nome
A arte morre de fome

Sua vida é um bom negócio?

Em algum momento da vida, precisamos escolher. Não dá para se ter tudo sempre. Nem sempre conseguimos tudo o que queremos. No entanto, só não existe um jeitinho para a morte. Somos únicos e precisamos raciocinar assim. Não falo isso de acordo com uma perspectiva amável como a dos psicólogos ou dos autores dos livros de auto-ajuda. Somos únicos por uma razão tão precisa quanto a genética. Somos uma combinação de fatores comuns, como um prato de massa do Spoleto, onde você escolhe aqueles oito acompanhamentos, a massa entre três ou quatro tipos, um entre três molhos e - voilá - fazemos um prato que pode ser parecido com muitos, mas é único em sua essência.
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Assim é a vida: Oito acompanhamentos e N possibilidades!
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Pois bem, partindo do princípio em que podemos ser até parecidos mas nunca iguais, podemos buscar soluções parecidas para nossos problemas e fazer escolhas parecidas com as escolhas de várias outras pessoas. No entanto, às vezes, aquela escolha não é a certa para você, mesmo sendo bem parecida com a certa. Um prato do Spoleto pode ter a ervilha que você gosta, o bacon que você adora, o alho poró que você venera, mas pode ter a rúcula, que você detesta.

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Sabemos que a vida é uma jornada onde os caminhos são as escolhas e os lugares são os objetivos. Num texto anterior a este, falei da importância de descobrirmos quem nós somos, exatamente porque é daí que partiremos para a nossa verdadeira jornada. Fora disso, passaremos toda uma vida sem sair do lugar ou indo para o lugar errado.

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Quem sou eu? Sou um comunicador. Não consigo parar de falar, fiz faculdade de Jornalismo, canto em bares do Rio de Janeiro para viver e ser feliz, sou compositor, escritor e poeta, e sou bastante elogiado por tudo isso. É claro, porque eu nasci para fazer isso. Se você nasceu para ser piloto de avião, é fato que será bem sucedido voando boeings nas companhias aéreas afora, e isso não é nenhum pecado. Já diz a frase de pára-choque: Não me inveje, tenha fé e trabalhe.

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Voltando ao foco, um trabalho numa redação de jornal ou esta vida que levo na música seriam a solução de todos os meus problemas, não? Não. Porque este prato é bem parecido com o que eu gosto, mas tem rúcula, que eu detesto. Detestar rúcula, neste caso, é ser, além disso tudo, um marido que precisa gerenciar uma casa, um cara que adora uma qualidade de vida e uma pessoa que adora desfrutar dos amigos e da família. Sendo assim, os baixos salários e a falta de tempo descartam as redações e a falta de segurança ao dirigir de madrugada todos os dias voltando dos shows me estressa e retira minha qualidade de vida, descartando a música.

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Você deve estar pensando que eu sou um moleque mimado que só quer a parte boa das coisas. Não, não é isso. Assim como o aposentado vai às Casas Bahia, ao Ricardoeletro e às Lojas Americanas para comprar sua primeira TV de LCD, eu estou buscando o melhor negócio para mim. E isso não é tão fácil quando passamos da barreira do parecido e rumamos para o único.

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Caso o aposentado tivesse ido direto na Ricardoeletro e, hipoteticamente, tivesse comprado uma TV que não era a melhor por um preço alto, com certeza ele pagaria com raiva nos dentes as 12 prestações no carnê. No entanto, ele foi à três lojas, viu todos os modelos de TV, preços e decidiu pelas Casas Bahia, que ofereceram a ele uma televisão maravilhosa, por um preço que dava uma prestaçãoziiiinha por mês e ainda ganhou uma antena UHF para assistir os canais abertos em HD, já que a TV vinha com conversor digital integrado. Vai lá ver como está esse aposentado, com certeza largado no seu sofá, tomando um copo de guaraná assistindo Passione - HDTV - feliz da vida.

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As milhares de opções das lojas eram parecidas, mas apenas uma única opção satisfez o inteligente aposentado. Ele sabia que, apesar de nos parecermos com muita gente, somos únicos.

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A propósito, a sua vida é um bom negócio? O que é melhor para você? Pode ser que você ande mais um pouco no shopping, pode ser que você se indisponha com alguns vendedores, e inevitavelmente você terá que pagar um preço. Portanto, é melhor que pague garantindo a satisfação de viver a sua vida como o aposentado assiste à novela das oito. Se fizer desse jeito, você não vai voltar atrás e, pagando esta etapa, pode sonhar mais alto, expandindo sua felicidade para outras áreas.

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Ah, e lembre-se sempre: Ninguém vai te dar uma TV de LCD de graça, mas sempre vai existir uma maneira de viver feliz e, principalmente, satisfeito.


sexta-feira, setembro 17

Fazer as duas coisas é o cacete!

Conciliar talento e estabilidade é um problema. Além disso, é uma grande hipocrisia. Se você é um músico, ator ou atleta e ainda não ficou famoso, com certeza já ouviu que você "pode fazer as duas coisas": trabalhar com carteira assinada, ganhando um salário fixo e dedicar-se ao seu sonho.
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Isso é possível em alguns poucos casos. Se o seu sonho é ser juiz, tens uma bela carreira que contempla igualmente a segurança e o gozo de se fazer o que ama. Se o seu sonho é ser engenheiro, podes ter também um caminho tranquilo dentro das forças armadas ou de Furnas, Eletrobrás, enfim. Mas se o seu sonho não for nenhum desses que citei ou algo que o valha, isso definitivamente NÃO é possível.
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Resumidamente, só é possível unir estabilidade e talento quando eles são a mesma coisa. E, no caso do jornalismo ou da música, não são. Aí a alternativa é arranjar um emprego público de assessor de porra nenhuma e financiar com louvores sua carreira artística.
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Um adendo: Isso é MENTIRA.
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A partir do momento em que você não vive exclusivamente daquilo que sabe fazer de melhor, o seu talento vira um mero hobby, e na melhor das hipóteses, um bico.
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Você vira um motorista de fim-de-semana. Aquele cara que passa a semana inteira sem dirigir e, como não pratica, não consegue fazer isso direito. Pode até levar um jeito, mas sua direção sempre será meia-boca. Você acha que, explorando seu talento de uma forma meia-boca, vai conseguir fazer sucesso, no meio de um monte de gente que simplesmente respira isso e morre pobre?
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Não seja hipócrita e não acredite nessa falácia. Se você tem medo de perder esta aposta, o que é perfeitamente normal, significa apenas que seu talento não é tão grande assim ou que você tem algo nas mãos que acha que vai perder caso siga seu dom com unhas e dentes. Assim acontece quando a gente é casado e tem filhos. Eu passo por isso.
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A família é um lance complicado. Em muitos momentos, você precisa se render a ela, porque você os ama e precisa mantê-los pertinho. Por outro lado, a coisa não pode chegar num nível de você ter sua família pertinho e você lonjão. Não vale nada dar orgulho a eles e dar decepção a si mesmo. Sem contar o fato de que sua infelicidade trará a estabilidade, mas retirará a alegria e, sem alegria, a família que você construiu também desmorona. A longo prazo, você fica sem as duas coisas.
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O lance é abrir o coração e ver se eles te amam mesmo. Chorar, dizer a eles quem você realmente é. A felicidade viabiliza a aceitação das pessoas. Muitos amigos seus ficarão ricos e infelizes e vão te admirar por vê-lo satisfeito, apesar de pobre. O talento baixa a crista de qualquer arrogância.
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Finalizando, se você já encontrou seu dom e teve a sensação maravilhosa de já ter vivido dele, siga em frente com humildade. Nunca pare de querer conquistar coisas novas, pois o comodismo é o grande vilão para nós. Se você passar 10 anos fazendo a mesma coisa, não verá crescimento algum em todo esse tempo. Não seja ingênuo e não diga que o destino foi cruel. Os caminhos são tortuosos e escuros. Nunca sabemos para onde iremos nem onde vamos parar. Fixe seu objetivo na mente e só pare quando conseguir. Se é que você vai conseguir parar.
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Faça aquilo que você ama e não trabalhe um dia a mais na sua vida. Acredite, a sensação é essa.

terça-feira, setembro 14

Tocando em Frente

Na medida em que vou me desvencilhando do modo de vida padrão estabelecido pela sociedade, vou sentindo uma injeção de talento encharcando minhas veias. A poesia está voltando, o olhar jornalístico também, a cultura voltou a temperar meus textos e minha habilidade em produzi-los tem se revelado a cada dia.
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A ausência de talento, esta sensação, me encarnou durante os últimos meses e sempre batia a cada ano. O ato de assumir a própria loucura, primeiro slogan deste blog, é, penso, antes de tudo, uma questão de maturidade, que não vem à toa.
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Era uma briga. Ora tatuava "Je vie par la comunication" nas costas, ora punha-me a estudar direito constitucional para ocupar algum cargo de aspone público. Ora trocava o dia pela noite compondo músicas e conhecendo gente importante do meio, ora reclamava da vida por conta do dinheiro curto, sem me dar conta de que não fazia nada, de fato, para ganhar dinheiro, usando o que realmente sabia fazer de melhor.
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Por vezes, xinguei meu talento de ilusão.
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Tenho me sentido como Almir Sater em "Tocando em Frente". Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe? Sinto-me mais maduro, mais seguro e sendo, assumidamente, quem sou.
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Meu casamento melhorou, meu relacionamento com a família, também. São vibrações positivas que emanamos e, por conta disso, entendo o conceito evangélico de "propósito divino". Ainda nesse papo de cristão, ouvi muitas vezes que Ele tem um plano para nós. Acho que esse é o plano dEle para mim.
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Não é uma questão de auto-estima, somente. Não é o ego, simplesmente. É viver a essência de si mesmo. Aquilo para o que nascemos.
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Agora eu amo melhor as pessoas que me amam e posso conviver com mais harmonia com as pessoas que me cercam.
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Acho que faz sentido o conceito de renúncia para os relacionamentos. Precisamos deixar determinadas coisas de lado. Mas o limite disso é a essência. Se deixarmos de lado a essência, não há acerto que se faça justo entre você e a vida.
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Vale acrescentar que é preciso inteligência para distinguir com clareza a essência do ego, da auto-estima. A nossa essência nos faz mais felizes e nos torna mais propensos a respeitar a individualidade de cada um, a aceitar as pessoas como são. Isso leva, inevitavelmente, à felicidade conjugal, em família ou entre amigos. A não ser que estas pessoas não optem por esta alternativa. Mas isso também é bem pouco provável.
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Acho que este texto pode ajudar as pessoas que passaram pela mesma situação que eu. A indecisão diante da vida é algo que assola a juventude brasileira, principalmente, porque somos obrigados a decidir muito cedo aquilo que vai nos definir para o resto da vida. Eu sou um desses tantos casos. Desta forma, acredito que tenho quórum para atender com estas palavras.
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Termino este texto com bastante satisfação. Fazia tempo que não manobrava um texto assim, com habilidade, com segurança, com a certeza de que ele vinga. O espaço está aberto para comentários e quero fazer deste blog um lugar de discussão, de construção de coisas boas para todos nós.
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"Cada um de nós constrói a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz"
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Um abraço!

domingo, setembro 12

Enquanto o camarim não vem...

...Vou usando o banheiro masculino para fazer meu ritual pré-show: lavo o rosto, as mãos, olho no espelho e digo que sou um artista e vou dar um pouco de mim para aquelas pessoas.

NOVA SÉRIE - AVA - Adendos Vida Afora!

- Odeio gente que conversa como se estivessem filmando.

Bancando o frasista...

"Cartão de crédito é algo que gastamos como se não fôssemos pagar e pagamos como se não tivéssemos gasto"

quinta-feira, setembro 2

Preciso estudar. Preciso estudar. Preciso estudar.

Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
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Vida tranquila, estabilidade.
Porque vivemos no sufoco.
Vivemos no sufoco.
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Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
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Roupas legais, carro importado.
Porque morremos pouco a pouco.
Morremos pouco a pouco.
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Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
Tenho que estudar.
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Boa auto-estima, longevidade.
O caixa pode ficar com o troco.
Pode ficar com o troco.
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Preciso estudar.
Preciso estudar.
Preciso estudar.
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Contas em dia, matar saudade.
Sem correr como um louco.
Correr como louco.
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Preciso estudar.
Preciso estudar.
Preciso estudar.
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Ponto.
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Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
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Vida vazia, nada concreto.
Eu preciso bancar meu teto.
Preciso bancar meu teto.
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Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
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Esqueça a insana competitividade.
Você é um cara esperto.
Eu sou um cara esperto.
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Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
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Rabisque com o giz, circule com o lápis.
A caneta precisa de um traço reto.
A caneta precisa de um traço reto.
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Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
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Todos me dizem, todos me impõem.
Você já cansou de ser feto.
Você já cansou de ser feto.
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Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
Pare de sonhar.
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E quanto aos aplausos? E quanto aos sorrisos? E quanto às lágrimas de emoção? E quanto ao dinheiro que não me faz pobre? E quanto à profissão que me faz tão nobre? E quanto à erupção de sentimentos que só o palco me dá? E quanto à felicidade que só cantar me dá? E quanto à sensação pura que o simples fato de viver de música coloca dentro de mim? E quanto ao fato de eu já ser feliz desse jeito e cagar para o sucesso da mídia? E quanto à tantas coisas, que só eu sei, porque só eu sei o que é estar ali, daquele jeito, com aquelas coisas, vendo aquilo tudo?
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Pelo amor de Deus, te peço.
Cale a boca, fique quieto.
Fique quieto.