sexta-feira, setembro 17

Fazer as duas coisas é o cacete!

Conciliar talento e estabilidade é um problema. Além disso, é uma grande hipocrisia. Se você é um músico, ator ou atleta e ainda não ficou famoso, com certeza já ouviu que você "pode fazer as duas coisas": trabalhar com carteira assinada, ganhando um salário fixo e dedicar-se ao seu sonho.
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Isso é possível em alguns poucos casos. Se o seu sonho é ser juiz, tens uma bela carreira que contempla igualmente a segurança e o gozo de se fazer o que ama. Se o seu sonho é ser engenheiro, podes ter também um caminho tranquilo dentro das forças armadas ou de Furnas, Eletrobrás, enfim. Mas se o seu sonho não for nenhum desses que citei ou algo que o valha, isso definitivamente NÃO é possível.
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Resumidamente, só é possível unir estabilidade e talento quando eles são a mesma coisa. E, no caso do jornalismo ou da música, não são. Aí a alternativa é arranjar um emprego público de assessor de porra nenhuma e financiar com louvores sua carreira artística.
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Um adendo: Isso é MENTIRA.
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A partir do momento em que você não vive exclusivamente daquilo que sabe fazer de melhor, o seu talento vira um mero hobby, e na melhor das hipóteses, um bico.
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Você vira um motorista de fim-de-semana. Aquele cara que passa a semana inteira sem dirigir e, como não pratica, não consegue fazer isso direito. Pode até levar um jeito, mas sua direção sempre será meia-boca. Você acha que, explorando seu talento de uma forma meia-boca, vai conseguir fazer sucesso, no meio de um monte de gente que simplesmente respira isso e morre pobre?
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Não seja hipócrita e não acredite nessa falácia. Se você tem medo de perder esta aposta, o que é perfeitamente normal, significa apenas que seu talento não é tão grande assim ou que você tem algo nas mãos que acha que vai perder caso siga seu dom com unhas e dentes. Assim acontece quando a gente é casado e tem filhos. Eu passo por isso.
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A família é um lance complicado. Em muitos momentos, você precisa se render a ela, porque você os ama e precisa mantê-los pertinho. Por outro lado, a coisa não pode chegar num nível de você ter sua família pertinho e você lonjão. Não vale nada dar orgulho a eles e dar decepção a si mesmo. Sem contar o fato de que sua infelicidade trará a estabilidade, mas retirará a alegria e, sem alegria, a família que você construiu também desmorona. A longo prazo, você fica sem as duas coisas.
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O lance é abrir o coração e ver se eles te amam mesmo. Chorar, dizer a eles quem você realmente é. A felicidade viabiliza a aceitação das pessoas. Muitos amigos seus ficarão ricos e infelizes e vão te admirar por vê-lo satisfeito, apesar de pobre. O talento baixa a crista de qualquer arrogância.
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Finalizando, se você já encontrou seu dom e teve a sensação maravilhosa de já ter vivido dele, siga em frente com humildade. Nunca pare de querer conquistar coisas novas, pois o comodismo é o grande vilão para nós. Se você passar 10 anos fazendo a mesma coisa, não verá crescimento algum em todo esse tempo. Não seja ingênuo e não diga que o destino foi cruel. Os caminhos são tortuosos e escuros. Nunca sabemos para onde iremos nem onde vamos parar. Fixe seu objetivo na mente e só pare quando conseguir. Se é que você vai conseguir parar.
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Faça aquilo que você ama e não trabalhe um dia a mais na sua vida. Acredite, a sensação é essa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estava sem fazer nada, olhando algumas atualizações de amigos e até que vi a recomendação do seu blog. Então fui verificar se era de fato uma boa indicação para leitura e acabo lendo exatamente o que precisava ler. Super interessante. Parabéns!

Anônimo disse...

Obrigado, meu amigo! Estamos juntos nessa!! Divulgue!

Marcus Lotfi