terça-feira, outubro 5

O Diabo não reclama

Reclamar da vida é uma coisa que todo mundo faz em algum momento. É uma coisa da criança que há em cada um de nós. Acho que, mesmo que você tenha aprendido desde cedo a lidar com as dificuldades, nascemos dependentes, e essa dependência vai diminuindo gradualmente. Primeiro era o leite, o calor da mãe, depois do sustento dos pais, até que nos tornamos independentes. No entanto, essa independência é sempre parcial, mesmo que muito sutilmente.
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Voltando ao foco, a dependência não é uma condição confortável, e diante de um desconforto, reclamar é normal. Você pode não reclamar para fora, mas com certeza reclama para dentro. Sempre existe alguma coisa nos incomodando, e isso acontece porque não somos perfeitos. Por mais que a gente queira, nunca nos sentiremos completos. Vamos ter, sim, momentos de completude.
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Um estágio é bom até surgir a necessidade de um emprego, e um emprego é bom até surgir a necessidade de um emprego melhor. Nesses intervalos, normalmente, reclamamos. O problema não é dizer ao mundo que nos sentimos mal, mas sim é fazer só isso. Quem reclama para fora, geralmente não faz nada para mudar a situação.
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Enquanto reclama, você perde tempo. Já dizia um samba de Wilson das Neves: "Quem pensa no tempo também perde tempo". O samba era meio que um questionamento sobre ter ou não ter o tempo necessário para realizar tudo o que se quer na vida. É uma maneira de reclamar, despida da conotação pejorativa do termo.
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Eu reclamo, e isso é um problema. Isto porque, se reclamo, logo, preciso agir. Convivi com meu sobrepeso durante muito tempo. Eu achava que estava satisfeito e que isso não me incomodava. Realmente isso sempre foi verdade, até que...Comecei a reclamar: "Estou enorme de gordo!", eu dizia.
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Como todos que me conhecem sabem, eu continuo gordo. A diferença é que hoje eu gasto o tempo que passava reclamando procurando formas de comer menos sem ficar com fome. Almoçar um belo prato de salada com um frango grelhado me traz uma enorme sensação de dever cumprido. Porque saí da inércia da reclamação e passei a transformar a minha realidade de gordo sedentário. Essa sensação é o primeiro dos resultados.
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Comendo um bauru gigante, eu me sentia bem por ter comido uma coisa gostosa e me sentia mal por ter comido quilos de gordura. Eu me sentia mal mesmo, fisicamente, não era dor de gordo, de culpa. Hoje, eu me sinto mal por não estar comendo algo gostoso, e me sinto bem por muito mais tempo, pela sensação de dever cumprido e pela sensação de estar vivendo de uma maneira saudável. Para mim, tem sido jogo fazer isso.
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Gaste seu tempo trabalhando positivamente. Exerça a liderança positiva de si mesmo. Costumo dizer que o mundo está do jeito que está porque enquanto Deus posava para as fotos, o Diabo trabalhava arduamente. E é verdade. O mundo é avassalador perante a igreja.
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O pensamento negativo é um exemplo maravilhoso de persistência. Ele já vem o tempo todo e é muito mais intenso quando queremos fazer algo positivo. Se tem alguém que entende de sucesso, esse cara é o catiço, o capeta. Mesmo sendo odiado por todos, crédulos ou incrédulos, ele atinge o seu objetivo, não baixa a cabeça nunca e não se deixa levar pelas críticas. Já Deus, bem, ele deixa a seu critério, sem fazer marketing.
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Ironicamente, apesar de nos orientarmos para Deus, devemos agir como o Diabo. Pense.

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