sábado, setembro 12

Monobloco (totalmente fictício!!!)

Só resta agora a enorme lacuna da decepção. Desço as escadas com o resto do estilo de quem se gosta e acendo um cigarro novo, dum maço novo, dum tempo que esperava um outro dia novamente igual. Bato o portão e entendo porque não faço alarde e a música de Chico repetindo e repetindo na minha cabeça. A ficha não caiu. Estou que só estou nervos. Entro no carro, enfio a chave, viro, ligo, manobro e vou embora, sempre com a forte sensação de que está tudo errado. Saio e não tenho ouvidos para palavras de consolo. Penso num som, num cigarro e num chopp num lugar onde o pensamento nela não exista. E o sofrimento bobo do Tim Maia nesta canção..."Cara besta foi o Tim", penso, "sofreu demais". A razão que obtive no conflito é o que me conforta. Saber que ela perdeu, que ela vacilou, que ela mentiu me amar por tantos anos e agora, justo agora, vem com um papo de que conheceu alguém. E o pior, legitima o affair com o argumento clichê do desgaste. Um desgaste que nunca sequer espreitou nossa janela. Homens com auto-estima baixa podem ter todos os defeitos, menos esse: o de esquecer da mulher que ama. Sempre fiz tudo por ela, inclusive dar a ela a chance de dizer quando não estava bom. Enfim, não há justificativa. Perguntei sempre que pude e ela, em todas as vezes que pôde, hesitou em responder. A solidão é minha, eu sei...e o sofrimento também...Mas o azar é dela.

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