quinta-feira, janeiro 11

Saber resistir.

Acho que perdi a manha, sabem? Não consigo mais tirar do fundo de mim aquelas frases, aqueles períodos que chegavam a ferir o âmago dos leitores. Algo me foi roubado.
.
A inspiração talvez ainda haja. Fui ontem à casa de um amigo que de há muito não o via e senti novamente todo aquele frescor da juventude do intelecto. Toda uma facilidade apareceu e construí ali umas quinze ou dezesseis conclusões belíssimas.
.
Mas agora estou aqui, feito um dois de paus, querendo escrever alguma coisa legal e simplesmente não consigo.
.
Sabe de uma coisa?
.
Foi por isso que fechei a maioria dos blogs que fiz. Acho que esse é o grande lance, saber resistir. Como atravessar um deserto. Falta água, às vezes, mas mesmo assim é preciso continuar, senão, a morte é certeira.
.
A resistência de que falo é poder fazer, Sabinamente , da queda um passo de dança, do sono uma ponte e do medo uma escada. Conseguir fazer de palavras sem gosto, inertes num líquido sebento e muito mal convidativo, um preparado agradável, que talvez engorde, talvez emagreça, mas que seja doce e leve, tenro e temperado.
.
Ao escritor falido e frustrado falta esta sabedoria. Enfrentar os leões do ócio e da ausência criativa concerne tarefa normal e comum ao escritor bem sucedido, ou simplesmente, vivo.

Nenhum comentário: