domingo, março 15

Somos guetos

Passeio só pelas estradas nuas de mim. Classes, filos, dezenas de monstros domados dispostos pelos cantos. Como se tivesse havido uma guerra. Sangue verde e gosmento pelo chão de terra. Ando de passo arrastado e lento e respirando um ar pesado. A vista meio turva. Talvez o clima de batalha tenha enchido o ambiente por completo e de um jeito que os olhos não conseguem perceber.
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Não estou cansado, mas ando largando as pernas. Uma sensação de pura incompletude. Em cada canto faltava algo. E eu não sabia de onde aquilo vinha. Aos poucos e raras vezes o Sol aparecia por lá. Alaranjava o céu vermelho e afastava as nuvens cinzas.
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Continuo andando largado, caçando motivos, formas de sair dali. Não gosto desses meus hectares. Terras improdutivas. Mas as voltas da vida me arremessaram aqui. Nenhum contato é ao acaso, eu sei.
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A pressa me impede de resolver e sempre põe as bagagens nas minhas mãos. Dá tapa no ombro. Vombora, vombora. E eu vou, deixando para trás mais uma vez algo que foi e não foi resolvido. Dentro dessa chapação, reabro a temporada de março dos textos do formidável psicopata.
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No entanto, a sensação é de que preciso jogar luz no latifúndio de mim mesmo.

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