segunda-feira, janeiro 14

Trovoadas que anunciam o pancadão

Percebo a ironia escrita em cada linha da vida. Passava por um prédio carcomido, com as beiradas a escapulir torrões de cimento velho. Numa varanda de ferro enferrujado, uma cadeira de praia, uma janela aberta e a vista para a parede do cômodo. Carcomida.
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Era o Instituto de Neurologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Não sei o porquê mas uma vez na infância estive naquela parte do cimitério onde havia as gavetas. Curioso, lendo os nomes, contando as datas em que idade tinham morrido, vi uma senhora que se empacotou com 103. Chamava-se Angélica. Angélica.
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Talvez Angélica tenha terminado seus dias no mesmo quarto que o arquiteto que projetou o Instituto.

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